top of page
Francisco Furtado curvas.png

ENCICLOPÉDIA DE AUTORES

 









 








Francisco Furtado
 

 

(1587-1653)

 

N. c.1587; A. 1608; O.S. 1616; U.V. 1626; M. 1653

Nascido em c. 1587, na Ilha do Faial, no arquipélago dos Açores (ARSI, Lus. 44-I, fl. 292), Francisco Furtado, depois de ter estudado as letras e filosofia no colégio jesuíta da Ascensão, em Angra do Heroísmo, chegou ao Colégio de Coimbra em 1608, tendo sido admitido no noviciado da Companhia de Jesus, em Abril de 1609. Iniciou o curso de Teologia em 1612, recebendo a ordenação sacerdotal no final do mesmo ano, em 1616 (ARSI, Lus. 39, fl. 70v.).

A 16 de Abril de 1618, parte de Lisboa rumo à China, na nau Nossa Senhora de Jesus, em que seguia o Procurador Nicolas Trigault (1577-1628), juntamente com os companheiros Simão da Cunha (1587-1660), João Fróis (1591-1638), Rodrigo de Figueiredo (1594-1642), Manuel de Figueiredo (1589-1663), Giacomo Rho (1592-1638), Johannes Schreck (1576-1630) e Johann Adam Schall von Bell (1592-1666), cujo trabalho científico se viria a destacar mais tarde (ARSI, Jap.Sin. 121, fls. 97v-98).

A 4 de Outubro de 1618, chega a Goa (ARSI, Jap.Sin. 121, fls. 97v-98), onde permanece até meados do ano seguinte. A 20 de Maio de 1619, Francisco Furtado, na companhia de Adam Schall e Pantaleon Kirwitzer (1588-1626), deixa Goa numa pequena galeota, que, depois de passar por Malaca, chega ao Colégio de Macau a 15 de Julho (ARSI, Jap.Sin. 121, fls. 117v-118), onde permanece durante quase dois anos. No final de Abril, princípio de Maio (ARSI, Jap.Sin. 161-I, fls. 55-55v), sai de Macau em direção ao interior da China.

Após um breve período em Jiading, muda-se para Hangzhou, terra natal de Li Zhizao (1565-1630) e de Yang Tingyun (1557-1627), onde escreve a carta ânua de 1620, a 24 de Agosto de 1621 (ARSI, Jap.Sin. 114, fls. 234-261v; 134, fl. 301v). Aí reside até 1631, desenvolvendo a sua actividade de tradutor, sob a protecção de Li Zhizao.

É, igualmente, neste período que, em 1624, é atribuído a Francisco Furtado o cargo de Superior de residência. E, a 3 de Maio de 1626, fez a profissão dos quatro votos (ARSI, Jap.Sin. 134, fl. 303v).

Francisco Furtado muda-se para Xi’an em 1631, depois da morte de Li Zhizao, ficando como Superior da residência. De 1635 a 1641, exerce o cargo de Vice-provincial da China (ARSI, Jap.Sin. 134, fl. 311), período em que se geraram as controvérsias entre os jesuítas e as ordens mendicantes sobre os Ritos e, ainda, sobre as questões relacionadas com o calendário chinês, cujo conflito perdurou ao longo da sua função como Vice-provincial do Norte da China, cargo que lhe foi atribuído de 1641 a 1648 (ARSI, Jap.Sin. 134, fl. 332).

De 1648 a 1650, foi Superior das missões do Norte.

A 7 de Julho de 1650, o Padre recebeu a patente de Visitador do Japão e da China, alto cargo que exerceu até à data da sua morte (ARSI, Jap.Sin. 142, fl. 130v).

O padre Francisco Furtado morreu, em Macau, no dia 21 de Novembro de 1653 (ARSI, Jap.Sin. 134, fl. 332; BA.JA, 49-IV- 61, fl. 592v).

 

Do seu trabalho com Li Zhizao, traduziu e adaptou, para a língua chinesa, alguns livros de Aristóteles que faziam parte do Curso de Filosofia da Universidade de Coimbra, intitulados Commentarii Collegii Conimbricensis Societatis Iesu, nomeadamente: De Coelo et De Mundo (edição com o título de Huan yu quan, publicada em seis tomos, em Hangzhou, em 1628) que tratava do movimento, da estrutura e composição do Universo; In Universa Dialectica Aristotelis, tendo sido os primeiros cinco livros publicados em 1631, com o título Mingli tan, correspondendo o primeiro à introdução do curso Conimbricense, e os quatro livros seguintes a Isagoge Porphyrii, a introdução de Porfírio à Dialectica de Aristóteles, e mais cinco livros, que foram publicados em 1631 e que correspondem à tradução das Categoriae (ARSI, Jap.Sin. 115-I, fl. 434).

Toda a sua correspondência sobrevivente foi escrita exclusivamente no âmbito da Companhia de Jesus. Quanto ao conteúdo, os temas incidem, principalmente, sobre: o estado temporal e espiritual da missão chinesa; a questão sobre a prática e o método de missionação das Ordens mendicantes directamente relacionada com a controvérsia dos Ritos e a questão do calendário.

Francisco Furtado.jpg

Relatio De Statu Sinensis Missionis, documento autógrafo, escrito pelo padre Francisco Furtado e dirigida ao papa Urbano VIII, sobre o estado da missão da China, China, 01/11/1639, ARSI, Jap.Sin. 123, fls. 69-74.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PFISTER, L. (1932), p. 151; DUNE (1962), P. 179; STREIT, R. (1964), 5, p. 992; DEHERGNE, J. (1973), p. 103; DMB (1976), p. 471; DHSI (2001), p. 1544; Sommervogel, C. (1890), p.1068; PEREIRA, ANA C. (2023), pp. 27-102;

A entrada deve ser citada da seguinte forma: Ana Cristina Pereira, "Francisco Furtado (1587-1653)", in Res Sinicae, Enciclopédia de Autores, Arnaldo do Espírito Santo, Cristina Costa Gomes e Isabel Murta Pina (Coord.). ISBN: 978-972-9376-56-6. URL: "https://www.ressinicae.letras.ulisboa.pt/manuel-dias-senior-1559-1639". Última revisão: 15.07.2024.

bottom of page