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ENCICLOPÉDIA DE AUTORES

António Francisco Cardim

(1596-1659)

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António Cardim nasceu, segundo a tradição, em Viana do Alentejo em 1596, embora o catálogo da Província do Japão de 1659 o diga natural do Porto (ARSI, Jap. Sin 25, fl. 169). A família do pai, pertencente a uma fidalguia de serviço, tinha ligação à Companhia de Jesus, pois três dos irmãos, o conhecido Fernão Cardim, Lourenço Cardim e Diogo Fróis foram jesuítas. Tal incide luz sobre o recrutamento preferencial de jesuítas entre os grupos sociais privilegiados e também o facto de três dos quatro filhos de Jorge Cardim Fróis e de D. Catarina de Andrade terem entrado para as fileiras da Companhia, respectivamente João, António e Diogo Cardim, enquanto o quarto, Fr. Plácido, professou na Ordem de Cristo (ANTT, Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações da Ordem de Cristo, letra P, maço 12, n.º 23), e das seis filhas apenas uma não tomou votos.

 

Embora a tradição e os seus biógrafos, como o Padre António Franco, o dêem como natural

de Viana do Alentejo (de onde era oriunda a família paterna), o "Catálogo da Província

do Japão de 1659" atribui-lhe o Porto como lugar de origem, o que coincide com a estadia do pai,

Jorge Cardim Fróis, nesta cidade como Desembargador da Relação (1593-1597) (ARSI,

Japonica Sinica 25, fl. 169).

O ambiente familiar deve ter influenciado os filhos a entrarem na vida religiosa após a morte do pai em 1605, tendo a opção do mais velho inspirado os mais novos a seguirem-lhe os passos. João Cardim (1585-1618) serviu de modelo aos irmãos a vários níveis, mas apenas António conseguiu e teve alguma saúde para ir missionar na Ásia, já que Diogo tentou passar à Índia por três vezes e nunca o conseguiu. António Cardim entrou para a Companhia de Jesus a 24 de Fevereiro de 1611 no Colégio do Espírito Santo de Évora (A. Franco, Imagem da virtude…, p. 485), adoptando o nome pelo qual viria a ser conhecido — António Francisco Cardim —, por devoção a S. Francisco Xavier, embora apareça sempre como "António Cardim" nos catálogos da Província do Japão (cf. ARSI, Jap. Sin., 25, fl. 141). A devoção xavieriana revelaria o desejo de ir evangelizar na Ásia, provavelmente no Japão, sem dúvida a missão que mais interesse despertava entre os jesuítas, em parte devido ao martírio que lhe estava associado desde 1597, incrementado com a promulgação do édito anti-cristão de 1614 (A. Curvelo & A. Fernandes Pinto, "O martírio de cristãos no Japão, …", pp. 147-153). Cardim partiu para a Índia em Abril de 1618 na companhia do recém-nomeado bispo de Funai D. Diogo Valente, tendo permanecido em Goa até 1622, onde terminou os estudos de Filosofia e Teologia. O catálogo da Província do Japão de 1623 dava-o já em Macau e com os estudos terminados (ARSI, Jap. Sin. 25, fl.130v), provavelmente destinado a missionar no arquipélago nipónico, uma ambição que nunca conseguiu realizar, tendo sido colocado noutras missões para onde se tinha desviado a evangelização da Província do Japão. Após um período inicial em Cantão (1623-1625) (A. Franco, Imagem da virtude…, p. 486), Cardim partiu para a Tailândia no fim de 1625, por via de Manila, com o objectivo de entrar no Laos (A. Francisco Cardim, Batalhas da Companhia de Jesus, p. 260).

Ao fim de três anos (1629), um Cardim doente deixou a missão da Tailândia para ir até Manila, a partir de onde estava previsto tentar entrar no Japão na companhia de dois jesuítas japoneses. Tal não chegou a concretizar-se por desconhecer a língua (julgada crucial para levar a cabo uma missionação clandestina), tendo recebido ordem de voltar para Macau, onde chegou em 1630 (A. Francisco Cardim, Batalhas da Companhia de Jesus, pp. 78-79, 261) e professou os 4 votos a 15 de Agosto (ARSI, Jap. Sin. 25, fl. 169). Partiu a 13 de Fevereiro de 1631 para o Tonquim (Đông Kinh), com o objectivo de tentar entrar novamente no Laos. O insucesso e a doença obrigaram-no a regressar a Macau em 1632 (A. Francisco Cardim, Batalhas da Companhia de Jesus, pp. 79, 102). A nova estadia em Macau coincidiu com a sua nomeação como Reitor do Colégio (de 31 de Agosto de 1632 a 23 de Maio de 1636) (J. Dehergne, Répertoire des jésuites de Chine, p. 44) e o catálogo de 1635 colocava-o como a segunda pessoa na hierarquia da Província do Japão, da qual era ainda consultor (ARSI, Jap. Sin. 25, fl. 141).

A vida missionária de António Francisco Cardim foi frequentemente interrompida por

motivo de doença devido a uma compleição física frágil, conforme atesta o

"Catálogo da Província do Japão" de 1623 (ARSI, Japonica Sinica 25, fl. 130v).

A nova etapa da sua vida em Macau até 1639 desenrolou-se em torno da defesa da Província do Japão face aos desejos irredentistas da Vice-Província da China, centrando a salvaguarda daquela no valor do martírio de missionários e de cristãos em solo japonês desde finais do século XVI. Para tal, elaborou em 1635 uma Informação dirigida ao Geral Muzio Vitelleschi (A. Francisco Cardim, Elogios, e ramalhetes, pp. 1-2). A divisão dos campos acentuou-se em 1636 com a eleição Álvaro Semedo como Procurador do Japão e da China, temendo a facção japonesa que o real objectivo deste fosse lutar pela autonomia da Vice-Província chinesa em Roma. Foi com este pano de fundo que os defensores da Província do Japão elegeram Cardim como Procurador em 1638 para defender esta em Roma das diligências irredentistas de Semedo, amputando efectivamente os poderes de representação deste e abrindo a porta a um conflito que se desenrolaria entre os dois na Europa (I. Murta Pina, "Álvaro Semedo e António Francisco Cardim", pp. 100-101).

Cardim partiu para a Europa em 1639 e chegou a Portugal apenas em Setembro de 1642, encontrando um contexto político radicalmente diferente do que existia à sua saída da China com a eclosão da Restauração (1640). Cardim enfrentou Semedo em Lisboa, o qual regressara de Roma após o fracasso da sua tentativa de obter a autonomia da Vice-Província da China. O confronto entre os dois estendeu-se até Abril de 1644, quando Semedo embarcou para a Índia, girando em torno da manutenção do status quo nas missões da Ásia Oriental e da preservação das fontes de rendimento da Província do Japão (I. Murta Pina, "Álvaro Semedo e António Francisco Cardim", pp. 104-105). Cardim partiu para Roma em 1644, onde ficou até 1648 a defender a Província do Japão por meio de livros e de relatórios. Participou na eleição do novo Geral da Companhia Vincenzo Carafa (1646) e lutou pela beatificação de jesuítas martirizados no Japão (como Carlo Spinola, Marcello Mastrilli e Sebastião Vieira). A vitória da posição da Província do Japão em Roma não se deveu unicamente à acção de Cardim, porque os seus partidários excediam em muito os missionários a actuar na Ásia oriental, tendo começado a agir antes da sua chegada à Europa por meio de livros e procurando limitar a actividade de Álvaro Semedo a favor da autonomia da Vice-Província da China.

 

 

Os escritos de António Francisco Cardim tiveram uma enorme divulgação

na Europa, conforme atesta esta tradução da "Relação da Província do Japão,

impressa em Tournay (Flandres) em 1645, a qual refere a edição original italiana

desse mesmo ano.

De volta a Portugal obteve mais financiamento para a sua Província (A. Franco, Imagem da virtude…, p. 491) e embarcou para Goa a bordo do São Lourenço em Abril de 1649. O naufrágio deste galeão na costa moçambicana fez com que Cardim passasse por várias peripécias até chegar a Goa em Maio de 1650 (A. Francisco Cardim, Relação da viagem…, pp. 3-7, 41-42). Permaneceu em Goa até 1652, tendo partido para Macau nesse ano, mas foi capturado pelos holandeses por altura de Malaca a 15 de Junho (J. Dehergne, Repértoire…, p. 44). Ficou prisioneiro dos holandeses durante cerca 3 anos, passando a maior parte do tempo numa prisão em Negombo (Sri Lanka), sendo libertado por volta de 1655 e regressou a Macau, onde morreu a 30 de Abril de 1659 com 63 anos.

António Francisco Cardim foi um autor prolífico e muito publicado durante um curto período de tempo (1643-1651), tendo os seus escritos circulado na Europa e influenciado a visão e a iconografia do martírio no Japão. Enquanto jesuíta também escreveu cartas e relatórios para os seus superiores, alguns dos quais, como a referida Informação de 1635, acabaram por ter uma circulação mais alargada. Cardim, enquanto autor, estava ainda ligado às tradições narrativas da Companhia de Jesus (escritos apologéticos, historiográficos, lexicográficos, etc.), bem como à cultura e ao gosto literário do seu tempo (com o barroquismo da linguagem e das metáforas usadas, aos quais os títulos e o dramatismo do conteúdo imprimiram um cunho marcante). A Europa dos séculos XVI e XVII possuía uma corrente literária e iconográfica cristã (tanto católica como protestante) que girava em torno de martirólogos, uma vez que os contemporâneos julgavam estar a viver uma nova idade apostólica. António Francisco Cardim não era, assim, um caso isolado, mesmo que os seus escritos fossem apologéticos dos Jesuítas e da Província do Japão, e servissem como arma para a preservação desta. Por fim, Cardim usou nos seus textos a informação a que tinha acesso enquanto jesuíta e missionário da Província do Japão, incorporando também a experiência pessoal que ganhara no terreno.

Gravura com o martírio do Padre Manuel Borges no Japão em 1633,

usada tanto na edição de Fasciculus (1646) como de Elogios (1650), cuja

iconografia influenciou a produção subsequente de imagens sobre o

martírio a Ásia Oriental até ao século XIX.

Os primeiros textos que se lhe conhecem, exceptuando as cartas, foram redigidos na Tailândia entre 1625-1629 e incluem um catecismo e um tratado de apologética (cf. J. Vaz de Carvalho, "António Francisco Cardim", p. 655), possivelmente escritos no Thai de Ayutthaya. O seu próximo texto de algum fôlego foi a Informação redigida em 1635 sobre a situação e o martírio da cristandade no Japão, que inspirou as obras de alguns dos seus confrades como os Padres Bartolomeu Pereira (1640), Bartolomeu Guerreiro (1642) e Juan Eusebio Nieremberg (1640), servindo ainda de base para o que escreveu e publicou na década de 1640. Estas obras foram, por ordem cronológica de publicação:

  1. Relação da gloriosa morte de quatro Embaixadores Portuguezes da Cidade de Macao com 57. Christãos da sua companhia degolados todos pela Fè de Christo em Nangasachi Cidade do Japão a 3. de Agosto de 1640 (Lisboa: Na Oficina de Lourenço de Anveres, 1643; reimpresso em Lisboa: Na Oficina de Manuel da Silva, 1650). A obra revela como Cardim continuava a ter acesso ao que se passava no Japão mesmo depois de sair de Macau em 1639 e que usava a informação recebida para preservar a sua Província no confronto com Álvaro Semedo. Há uma tradução latina feita três anos mais tarde intitulada Mors felicissima quattuor Legatorum Lusitanorum & Sociorum, quos Japoniæ Imperator occidit in odium Christianæ Religionis (Roma: Typis heredum Corballeti, 1646), impressa na mesma oficina romana que publicou as suas restantes obras (por estar ligada à Companhia de Jesus); bem como uma tradução e adaptação francesa intitulada La Mort glorieuse de soixante et un chrestiens de Macao, decapitez pour la confession de nostre sainte foy à Nangazaqui, au royaume du Japon, le 4 d'aoust l'an M. DC. XL. Extraite de la relation faicte en langue portugaise par le R. P. Antoine François Cardin, de la Compagnie de Jésus, procureur général de la province du Japon. Imprimée à Lisbone l'an M. DC. XLIII. Avec la copie d'une lettre de Hollande touchant la glorieuse confession de quatre Pères de la mesme compagnie & de trois autres chrestiens mis à mort au mesme royaume du Japon, sur la fin de l'an 1642. Le tout mis en françois par un Père de ladicte compagnie (Ruão: Chez Jean de Manneville, 1643);

  2. Relatione de la Provincia del Giappone (Roma: nella Stamperie di Andrea Fei, 1645), baseado provavelmente na informação escrita por si dez anos antes e actualizada. Traduzida do português para italiano pelo seu confrade Giacomo Diaceti, serviu para defender em Roma a preeminência da Província do Japão face ao irredentismo da Vice-Província chinesa, sendo ainda traduzida do italiano para francês pelo jesuíta François Lahier e publicado em Tournay (Bélgica) sob o título Relation de la Province du Japon (Tournay: Imprimerie de Adrien Quinque, 1645); e foi ainda objecto de outra tradução de português para francês pelo jesuíta Jacques de Machault e impressa em Paris em 1645-46 em conjunto com uma Relação da Província do Malabar de autoria do Padre Francisco Barreto, intitulada Relation de ce qui s'est passé depuis quelques siècles, jusques à l'an 1644, au Japon, à la Cochinchine, au Malabar, en l'isle de Ceilan et en plusieurs autres isles et royaumes de l'Orient compris sous le nom des provinces du Japon et du Malabar, de la Compagnie de Jésus (Paris: M. et J. Hénault, 1645-46). Tal mostrava a irradiação de informação a partir de Roma para outras províncias jesuítas e uma política consistente de impressão para divulgar o ocorrido nos principais palcos missionários fora da Europa, com relevo para o que se passava nas missões da Assistência Portuguesa;

  3. O Catalogus regularium et secularium qui in Japponiae regnis usque à fundata ibi à S. Francisco Xaverio Gentis Apostolo Ecclesia ab Ethnicis in odium Christianæ Fidei sub quatuor tyrannis violenta morte sublati sunt (Roma: Typis heredum Corbelletti, 1646);

  4. No mesmo ano saiu a sua obra mais conhecida e com maior impacto, Fasciculus e Iapponicis floribus, suo adhuc madentibus sanguine (Roma: Typis heredum Corbelletti, 1646), impressa com gravuras feitas por Pierre Miotte (um artista francês muito usado pelos jesuítas em Roma e activo nesta cidade desde 1637, sendo inclusive o autor da gravura do Padre João Cardim impressa na sua hagiografia escrita por Pierre Alegambe em 1645) e que marcou indelevelmente a iconografia do martírio japonês;

  5. As duas obras anteriores foram traduzidas e impressas conjuntamente em Lisboa sob o título barroco: Elogios, e ramalhete de flores borrifado com o sangue dos religiosos da Companhia de Iesu, a quem os tyrannos do Imperio de Iappão tirarão as vidas… com o catalogo de todos os religiosos, & seculares, que por odio da mesma fé forão mortos naquelle imperio, até o anno de 1640 (Lisboa: Manuel da Silva, 1650, o mesmo impressor aproveitou para reeditar a Relação da gloriosa morte de quatro Embaixadores Portuguezes… nesse ano), usando para o efeito as chapas das gravuras debuxadas em Roma e foi editado após a partida de Cardim para a Ásia, revelando uma política editorial articulada e programada para fazer valer a posição da Província do Japão;

  6. As peripécias da viagem de regresso à Ásia foram relatadas na Relaçam da viagem do galeam São Lourenço e sua perdição nos bayxos de Moxincale em 3. de Setembro de 1649 (Lisboa: Domingues Lopes Rosa, 1651), o que mostrava a velocidade a que Cardim redigia, pois deve ter sido escrita entre Maio de 1650 e Dezembro desse ano ou mesmo Janeiro de 1651, a tempo de seguir para o Reino a fim de ser impressa.

António Francisco Cardim foi ainda o "autor" de um mapa do arquipélago nipónico (que surge nas edições de Fasciculus e de Elogios), o qual possui uma genealogia cartográfica imbricada na tradição jesuíta em solo japonês (cf. Angelo Cattaneo “Geographical Curiosities…"), tal como o resto dos seus escritos. O reaproveitamento de materiais próprios ou de terceiros foi, aliás, o mote da sua produção textual, conforme se pode ver pela reutilização e reelaboração da informação coligida directa e indirectamente por si, comprovado num dos seus últimos escritos - Batalhas da Companhia de Jesus na sua gloriosa Província do Japão -, composto em 1651 (após a Relaçam da viagem…, cf. A. Francisco Cardim, Batalhas da Companhia de Jesus, Dedicatória a D. João IV, s/p), a fim de actualizar o ocorrido aí até 1649. A obra terminada em 1652 aquando da sua partida para Macau, só veio a ser publicada em 1894, mostrando um certo esgotamento do tema e enfraquecimento da irradiação da informação fornecida por canais portugueses à Companhia de Jesus a nível europeu. O manuscrito caiu no esquecimento, tanto que Diogo Barbosa Machado não o citou na notícia sobre Cardim em 1741 (cf. Bibliotheca Lusitana, vol. I, pp. 279-280), mencionando-o apenas no suplemento publicado em 1759, referindo que se encontrava guardado no Colégio de Évora (cf. Bibliotheca Lusitana, vol. IV; p. 36). A preeminência e a sobrevivência da Província do Japão estavam garantidas, pelo que a "missão" de Cardim terminara, tal como a sua capacidade de encontrar financiador e impressor para as suas novas obras. A sua prisão, por outro lado, deve ter contribuído para dificultar a publicação dos seus textos posteriores a 1651, pois conhece-se mais uma relação do que lhe aconteceu depois da sua encarceração pelos holandeses em Ceilão, a qual está ainda manuscrita na Biblioteca da Ajuda (cf. códice 49-IV-61, fls. 532 e sgs.).

Cartela do "novo e correcto" mapa do arquipélago nipónico de António Francisco Cardim,

que na realidade se baseia em modelos cartográficos mais antigos e cuja influência

continuou a ser sentida na cartografia europeia até ao século XVIII.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CARDIM (1894); CARVALHO (2001), pp. 655-656; CATTANEO (2014); CURVELO, PINTO (2009), pp. 147-159; DEHERGNE (1973); FRANCO (1714); MACHADO (1965); MACHADO (1967), PINA (2022), pp. 97-112.

A entrada deve ser citada da seguinte forma: João Teles e Cunha, "António Francisco Cardim (1596-1659)", in Res Sinicae, Enciclopédia de Autores, Arnaldo do Espírito Santo, Cristina Costa Gomes e Isabel Murta Pina (Coord.). ISBN: 978-972-9376-56-6. 

URL: "https://www.ressinicae.letras.ulisboa.pt/cardim". Última revisão: 28.04.2023.

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